A prática esportiva foi sempre bem-vinda. Mas com a pandemia, ganhou uma relevância ainda maior
Desde março de 2020 nossas rotinas foram afetadas drasticamente. A pandemia da Covid-19 trouxe limitações e consequências dos mais variados tipos, sendo uma delas o aumento do sedentarismo. Estudos comprovam que a humanidade reage de forma padrão após pandemias e/ou tragédias e um desses padrões é abdicar dos exercícios físicos. Pior, essa tendência será verificada não só no momento que estamos vivendo, mas também pelos próximos cinco anos. Diante desse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma nova recomendação. “Ao invés dos 150 minutos por semana de exercícios, agora é sugerido de 150 a 300 minutos por semana para compensar o tempo em que ficamos parados”, diz a doutora Maita Poli, ginecologista, médica do esporte, chefe do setor de ginecologia do esporte da Escola Paulista de Medicina e diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva.
Porém, a doutora chama a atenção para algumas particularidades. “Quando se menciona que o ideal é de 150 a 300 minutos por semana de exercícios físicos, estamos falando de atividades moderadas. Caso a mulher consiga fazer exercícios de alta intensidade, 75 minutos por semana são suficientes. Chamamos de atividade moderada aquela em que você não consegue manter um diálogo enquanto se exercita. Se você está se exercitando e consegue falar normalmente, essa atividade tem uma intensidade muito baixa, e não é a ideal. Andar e conversar, por exemplo, é melhor que nada, mas é insuficiente. Já a atividade de maior intensidade utiliza 80% da frequência cardíaca máxima”, explica.
Benefícios
Correr, nadar, pedalar e até mesmo dançar são exercícios recomendados e são conhecidos como “aeróbicos”. O ideal, entretanto, é que se intercale com os chamados exercícios “anaeróbicos” porque eles não só se complementam, como fazem que a rotina diária da prática esportiva não seja repetitiva. “Outra recomendação da OMS é que se busque praticar atividades ao ar livre, logicamente, seguindo os protocolos de segurança local. Na infância, recomenda-se brincadeiras de todo o tipo. Na adolescência até a fase adulta, exercícios aeróbicos, mesclados com força e flexibilidade. Na pós-menopausa, exercícios intervalados de alta intensidade como, por exemplo, pular corda ou fazer polichinelo num ritmo acelerado por um minuto, para depois descansar por dois. Para mulheres que têm ‘ondas de calor’, a Ioga é uma opção interessante a ser incorporada”, afirma Poli.
Existem programas de exercícios na Internet e no YouTube, mas é preciso critério para a escolha de um ou mais deles. O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, em inglês), por exemplo, traz vídeos no YouTube que podem ser seguidos. O “HIIT” (High Intensity Interval Training) é outra tendência mundial que está em alta, assim como os exercícios que são feitos com o próprio peso do corpo, como barra-fixa e flexões de braço. Mas é importante buscar orientação com um profissional da saúde, especialmente para quem escolhe os exercícios de alta intensidade. Existe, inclusive, um questionário (vide link mais abaixo) que identifica a necessidade ou não de avaliação médica, antes de se programar para suas sessões de atividade física.
A prática regular de atividade física traz uma série de benefícios, como: Sensação de prazer, pois otimizam a produção de serotonina e citocina; colaboram para manutenção do peso corporal elevando a autoestima; ajudam a controlar a pressão arterial prevenindo o acidente vascular cerebral (AVC) e a diabetes, principalmente após a menopausa, quando o estrógeno diminui sensivelmente; colabora para prevenir o câncer de mama e o câncer de colón (intestino); ajuda no combate a depressão e melhora o humor, entre outros.
Recomendações
A doutora Maita Poli diz que “para as mulheres de até 35 anos que queiram praticar exercícios de maior intensidade, recomenda-se uma avaliação cardiológica. E para aquelas que estão acima dessa faixa etária, além da avaliação cardiológica também devem fazer um teste ergométrico”. A médica ressalta que a prática regular de atividade física requer atenção aos sinais do próprio corpo que normalmente avisam quando algo pode estar errado ou em excesso. “A interrupção da menstruação para quem tinha o ciclo bem controlado, ou o aparecimento de lesões ósseas, articulares e musculares com frequência, podem ser sinais de problemas consequentes de uma atividade física muito intensa”. Doutora Poli conclui afirmando que “uma boa alimentação e um sono de qualidade são essenciais para a recuperação do corpo e bons resultados. Se alimentar adequadamente, treinar de forma segura, descansar o corpo para depois retornar, são ações que devem ser obedecidas para que a mulher alcance o seu bem-estar por meio das atividades físicas”.
Saiba mais
Sobre as novas diretrizes da OMS > Acesse https://www.paho.org/pt/noticias/26-11-2020-oms-lanca-novas-diretrizes-sobre-atividade-fisica-e-comportamento-sedentario
Sobre as novas tendências de condicionamento físico citadas pela ACSM > Acesse https://www.acsm.org/read-research/trending-topics-resource-pages/acsm-fitness-trends
Conheça o PAR-Q, um questionário que tem como objetivo identificar a necessidade de avaliação médica antes do início de qualquer atividade física regular > Acesse https://www.cepe.usp.br/wp-content/uploads/PARQ-site-CEPE.pdf
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